Os poemas de matéria e miragem não possuem qualquer intenção. As rimas, como diz certo poema, são mera coincidência. O ritmo não é mais importante que o amor. A maior parte dos poemas que o leitor nele encontrará são poemas curtos: três, dois ou até mesmo apenas um verso (embora apareçam, por vezes, divagações mais longas do autor).
A poesia, aqui, pode aparentar ser taxativa. Ela cumpre, na verdade, a função de ser a síntese do mundo – ao menos de um mundo – e por isso mesmo ela deve ser estreita, sumária, justa, e ainda assim permanecer inacabada ao leitor.
Minha poesia é circunscrita por temas como a ingenuidade, a distração, a intuição, a dúvida, a rasura, o riso, o tempo, a história, a ausência, a luz e a sombra, a matéria e a miragem. Trata-se de um livro ambíguo, até mesmo mal estruturado, com voltas e reviravoltas. É um livro da imanência, embora a metafísica seja uma ideia mobilizada de forma central: ora acidamente criticada e ora invocada através de dualidades que são a nós inescapáveis. Há nesse livro uma forte tendência à metapoesia, que serve, tão logo o leitor folhear suas primeiras páginas, como apresentação do fazer poético deste autor. Trata-se de uma atitude que aceita todas as coisas e as deixa se apresentarem espontaneamente. Daí também que muitas imagens podem parecer aleatórias. Mas há, sobretudo, um respeito em relação às coisas do mundo.
Certa vez li um excerto do grande Jean Cocteau a respeito da figura do poeta que diz o seguinte: “O papel do poeta não é de provar, mas de afirmar sem fornecer nenhuma das provas embaraçosas que possui e de onde resulta sua afirmação. Por isso, a lenta descoberta dessas provas confere ao poeta sua posição de adivinho”. Não faço ideia se minha poesia está nessa toada. No fim das contas, não acho que toda essa indeterminação a faça de alguma maneira “inconsequente” (sem provas, no sentido acima). A poesia está existindo no seu próprio tempo em comparação com o tempo do mundo.
Uma hora eles se cruzam e daí podemos ver aquilo que é verdadeiro e o que é falso, o que é certo e o que é errado, o que é o belo e o que é feio. matéria e miragem é um livro enxuto com uma pretensa universalidade, conduzido pela intuição e pela inspiração momentânea, mas que deseja, nesse caminho, se reencontrar com as circunstâncias cotidianas.
FICHA TÉCNICA
Poesia
Páginas: 88
Formato: 160 x 230 mm
ISBN 978-85-92875-97-8
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R$60.00Preço
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