Paisagens repletas de lacunas. Aqui, ora vemos as dualidades previsíveis dos nossos tempos de urbanidade: silêncios versus velocidades, máscaras versus cachorros, guindastes versus bolhas de sabão. Ora estamos de frente às fendas, chamamentos ao onírico – e não seria o sorriso a rachadura ante a assepsia?
O sorriso, junto com lembranças esquecidas na pressa, é pinçado pela poesia de Rodrigo Luiz P. Vianna. Em “não era uma cidade”, ele nos revela o ambiente propício para observar, encarar os vãos, testar reconhecimentos. E também para buscar, esse verbo incessantemente humano. Na caminhada pelas cidades, encontramos nostalgias e inquietações.
Reconfiguramos espaços, como faz a arte andarilha (ou flâ-
neur), prática conhecida a partir de Baudelaire, na Paris do século XIX. Dois séculos adiante e, mesmo com os avanços
tecnológicos, os relógios parecem cada vez mais apressados.
Mal nos deixam divagar. Em tempos de imagens dignas de ficção científica (saúdo o sol solto/ seu mergulho vermelho no poluído), a alteridade é a memória da nossa condição de humanidade. A ausência pode ser algum descanso.
Em “não era uma cidade”, os versos de Rodrigo nos cercam (é a pele que nos separa do indivisível). Na negação, fica o vazio a se preencher. A única certeza é que estamos diante de um convite.
Jamille Anahata
FICHA TÉCNICA
Páginas: 88
Formato: 130 x 200 mm
ISBN 978-65-5312-003-7
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R$55.00Preço
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