“Aquilo a que chamamos rosa, com outro nome, teria o mesmo perfume encantador.”
William Shakespeare
Shakespeare toma o nome da rosa para exaltar a essência das coisas substantivas. O que há em um nome?, indaga Julieta. E o que há neste livro, senão aquilo que transcende a tessitura dos signos revelada na subjetividade sublime do traço concreto? Na cultura inaugural do Oriente, o traço é o princípio da consciência: um yang que se desdobra em yin na origem do céu e da terra e cultiva toda a realidade pulsante.
Aqui, Rosa Cohen exerce a habilidade da captura do espírito, da essência que permeia um universo de significados. Seu instrumento é a arte fugaz do sumiê, que teve origem na dinastia Tang na China, antes de migrar para o Japão através dos discípulos de Sidarta Gautama. Seu ponto de partida é o exercício gestual que guarda o mesmo anseio milenar dos artistas atemporais, e nele Rosa traduz-se na expressão de sua própria existência, capaz de sequestrar do contraste entre tinta e papel o perfume das almas femininas que a todos habitam – anima é isso – espírito necessário que capta a relação fundamental entre a ‘origem do mundo’, conforme Courbet, e de tudo o que coloca o humano em marcha: um giro de 180 graus e a vulva volante torna-se homem.
Eis a tessitura deste livro, que como semente espalha-se no campo dos Campos, onde a pá-lavra e faz florescer vinhas e espinhas.
Na graça expressa, na dobra da espinha do ideograma mulher, a vulva livre voa no ápice, no cume de Cummings, talvez. No cair da folha (uma pétala da rosa) que dança no ar espalhando o panorama e o sabor do doce deleite do ver-leitura de todo o texto – tecido alquímico. É o ballet do signo que se transforma no ideograma ‘pessoa’ e finge a dor que deveras sente aquele que baila nos sertões e veredas d'alma de outros Rosas: Guimarães e Cohen, sussurrando assim uma semiose infinita. Ver-ler esta obra é quase um revelar ao contrário, um mergulho recôndito, descoberta íntima. Bandeira branca que aplaca a guerra intestina e acende o fervor de si mesma na concreta ação de lançar-se para muito além da superfi cialidade hodierna.
Um desafio à condição humana única que promove o encontro tríplice dos afluentes do processo de significação: corpo, emoção e razão. A busca do ser por inteiro no jogo de dados da existência. A trama dos textos dos livros de cabeceira escritos
em pele e sangue.
Neles jogam-se os dados. Dados lançados. Resta o alerta do poeta:
Um lance de dados jamais abolirá o acaso.
Ronaldo Marin
Roteirista e diretor do Instituto Shakespeare Brasil
FICHA TÉCNICA
Gênero Poesia
Páginas 152
Formato 22 x 22 cm
ISBN 978-65-5312-016-7
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R$90.00Preço
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