A selva urbana não pede licença para se entranhar na carne. Ela invade, violenta, devora a calma e cospe as sobras pela sarjeta. E é desse caos de concreto que Marcelo Valadão extrai sua poesia: áspera, visceral, alucinada.
Em Jaguatirica, os poemas se movem como bichos pelas ruas de São Paulo, serpenteando pelas esquinas e rosnando pelos becos esquecidos. Cada verso é um bote, um rasgo na rotina surda da cidade que teima em apagar as singularidades. Mas Marcelo Valadão não se deixa apagar – ele grita, ruge, deixa escorrer o suor da vida cotidiana pelos corredores estreitos da mente.
Se a selva da metrópole é fria e impessoal, seus poemas, ao contrário, são pulsantes, como se cada animal evocado trouxesse a memória perdida de um humano que já não se reconhece nos próprios gestos. Metáforas de personas esquecidas, de sonhos encarcerados, que o autor desenterra com uma palavra certeira, uma linha seca e urgente.
Cada dor e esperança do centro paulistano, onde a vida se condensa em pequenas epifanias e ruídos, transforma-se em poesia que quase toca o surrealismo, num gesto de liberdade e ousadia. Não há narrativa estática, não há caminho previsível: a selva se refaz em cada página, e só quem se arrisca a entrar nela descobre que o poema é também um espelho – impreciso, mas sincero.
FICHA TÉCNICA
Poesia
Páginas: 72
Formato: 13,5 x 20 cm
ISBN 978-65-5312-008-2
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R$45.00Preço
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