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Entrevista Aline Morena - Livro: Aline Morena por Hermeto Pascoal



Aline Morena, gaúcha de Erechim (RS), é cantora, multi-instrumentista (piano, viola caipira, percussão corporal e pandeiro), compositora, professora de canto e bacharel em canto pela Universidade de Passo Fundo/RS. Criativa, já criou melodias para poesias de Mário Quintana, Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. Após realizar o show “Hermeto em Voz para Dançar”, só com a obra de Hermeto Pascoal, acabou conhecendo-o num workshop em Londrina, PR. A musicista, então, passou a excursionar com Hermeto Pascoal, trabalhando nas diversas formações musicais da banda pelo mundo, inclusive em duo. Após muitos shows, muitas gravações e anos como companheira do músico, Aline nos traz o livro Aline Morena por Hermeto Pascoal, que terá o pré-lançamento no dia 03 de março, pelo canal do YouTube da editora Laranja Original.



Aline, descobri que é Morena em homenagem ao Dorival Caymmi. Aproveitando, gostaria muito que nos contasse sobre as suas influências, desde criança. Você estuda música desde os 10 anos e chegou até a cantar em igrejas. Conte pra gente; como e de que forma, tão nova, a música chegou em você?

O nome artístico ALINE MORENA escolhi quando vim morar em Curitiba em 2002, por causa da música “Rosa Morena”, do Dorival Caymmi. Amo cantar e dançar e tenho uma alma muito alegre. Foi emocionante, através da sua pergunta, lembrar dessa música e o quanto ela me representa. Fica o meu compromisso de gravá-la no próximo CD. Apenas teoria musical é que comecei a aprender com 10 anos de idade, quando comecei a fazer aulas de piano clássico. Uma chatice enorme. Fiz dois anos. Aprendia fácil, tirava ótimas notas. Mas preferia ficar ouvindo minha amiga tentar tirar música de ouvido a ficar estudando as partituras. Aí, preferi ficar só cantando mesmo, primeiro no Orfeão da escola, aos 13 anos já comecei a ser profissional da música, cantando em casamentos, bodas... cantei por 5 anos no Coral Municipal de Erechim, que foi muito importante na minha formação musical, inclusive dediquei a faixa “Te Quiero”, faixa bônus do meu novo CD digital ALINE MORENA CONVIDA para o regente do Coral, o Zé Luis da Silva - in memorian. Não é a gente que escolhe a Música. Ela nos escolhe. A gente já nasce com ela. Depois, apenas coloca em prática o que carregamos dentro da gente.


Você conheceu o Hermeto graças a um concurso para cantores pelo Conservatório de MPB de Curitiba. A partir dali se dedicou exclusivamente às obras do músico. Logo o conheceu pessoalmente e já começou a trabalhar diretamente com ele. Como se sentiu nesses primeiros contatos?

Não foi bem assim. Não foi graças ao concurso que conheci o Hermeto. Conheci o Hermeto pessoalmente porque fui no workshop dele em Londrina, dia 19 de outubro de 2002, na área externa da Universidade de Londrina. E no dia seguinte, dei uma canja no show com seu grupo em Maringá. Dois meses após ter realizado o show “Hermeto em Voz para Dançar”. Esse show, sim, eu realizei porque passei no Concurso para cantores/as à época, dentro do projeto “Domingo Onze e Meia”, do Conservatório de MPB de Curitiba. No dia seguinte ao show em Maringá fui para o Rio com o Hermeto no intuito de ensaiar com o irmão dele, o Elísio, já que havia comentado com o Hermeto que estava chateada com os músicos que só queriam saber de trampo... que louco lembrar disso porque atualmente o pensamento de muitos músicos em Curitiba continua o mesmo... sobre como me senti nos primeiros contatos, senti logo a afinidade espiritual nossa, uma afinidade incrível e senti que não estava somente conhecendo pessoalmente um músico extraordinário, mas também um ser humano extraordinário.


Aline, esse trabalho faz parte de um percurso da sua vida, de uma história de amor, de um trabalho sensível e bonito. Conte-nos como foi receber um presente tão especial?

Essa convivência de 12 anos nossa como casal e 13 anos apresentando-me em todas as suas formações, ter gravado dois CDs e um DVD em duo com ele, ter produzido o DVD solo de HERMETO BRINCANDO DE CORPO E ALMA, ter sido dirigida por ele em meu primeiro CD solo “Sensações” e agora ter tido a participação dele numa faixa do meu novo CD digital ‘ALINE MORENA CONVIDA’, conversando com ele por telefone durante todo o processo de gravação do CD é uma dádiva, um privilégio da Deusa MÚSICA pra mim, e, ao mesmo tempo, gera muita inveja, o que faz com que tudo, na minha vida artística, demore muito mais pra acontecer. Muita gente que promove a cultura no Brasil tentando de todas as formas ignorar a minha existência... e o público, que nada tem a ver com as conveniências dos “ditadores” do mercado da Música no Brasil, acaba se acostumando com a porcaria que vomitam diariamente nas rádios ou achando que só existem os grandes artistas das gerações mais antigas e nada mais que preste... mas a minha resposta a tudo isso é que o pouco bem feito e com Deus é muito e o muito a qualquer preço, sem essência e sem escrúpulos, é nada!


Sei que já criou melodias para poesias de Mário Quintana, Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade? Literatura e música estão conectadas, na sua opinião? Pode nos deixar um dos trechinhos da obra desses artistas que escolheu para musicar?

A poesia é uma arte completa por si só, bem como a m