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Entrevista Osvaldo Fagnani - CD Máquina Só

Hoje converso com Osvaldo Luiz Fagnani, músico que fez parte da Vanguarda Paulista nos tempos do Lira Paulistana. Além de compositor, ele é dono da conhecida voz da canção “São Paulo, São Paulo” e ex-integrante da banda Premeditando o Breque. Osvaldo também trabalhou com muitos músicos e bandas. Com o Premê, já foi produzido por Lulu Santos no disco O melhor dos iguais, que teve a participação de Caetano Veloso. Já tocou com Raul Seixas, Rita Lee, entre outros. Nesse momento globalmente introspectivo, por conta da pandemia de covid-19, ele lança o álbum inédito Máquina Só. São 16 faixas de um trabalho individual — Osvaldo fez a produção, a gravação e tocou todos os instrumentos do disco — que mescla blues, rock e MPB e mostra experiência e diversidade.







Osvaldo, você me contou que Máquina Só veio de um trabalho dos anos 1980. Ainda assim, ele se encaixa perfeitamente nos dias de hoje, é um álbum quase profético. Como se deu isso?

Depois que eu saí do Premeditando o Breque, ainda na década de 1980, continuei a fazer várias músicas. As escolhidas entraram nesse disco; as temáticas, às vezes melancólicas, às vezes apocalípticas, não se enquadravam muito na moda dos últimos anos. Penso que agora, infelizmente, elas estão mais ambientadas nesses tempos de introspecção.


A primeira canção, “Máquina só”, que dá nome do disco, fala de uma realidade que foi nos engolindo a cada dia, a ponto de dependermos de uma pequena máquina que cabe no bolso, o celular. Inclusive, podemos fazer um filme ou até mesmo gravar um CD com ela. O que você pensa a respeito?

“Máquina só” é um conceito abrangente que vai desde a Internet, a inteligência artificial, a desvalorização do processo artístico, a robotização e até a máquina social, por assim dizer.





Conta pra gente o lado divertido disso. Como foi encarar um estúdio sozinho e preparar todo esse material bacana?

Foi uma realização tocar todos os instrumentos e compor as músicas e os arranjos. É muito diferente do normal, em que o artista acaba tendo pouco domínio sobre o resultado final, por ter o auxílio de muitos outros talentos.


A terceira canção, “Amargo Armagedon”, traz à tona assuntos inquietantes como Amazônia, o descuido com a arte, o fetiche pelas armas. Vivemos uma espécie de luta entre o Bem e o Mal, tal qual o significado da palavra Armagedom. A música é uma forma de exorcizar tudo isso?

É um rock meio grunge nesses tempos de antagonismos, de pragas bíblicas e de incêndios estratosféricos. Fiz a letra dessa música com o poeta Carlos Castelo, e é a primeira música do Premê com o Língua de Trapo.


O seu álbum tem bastante influência do blues. Conta pra gente, por favor, sobre isso e também a influência do blues na música brasileira.