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Entrevista Jaqueline Camargo - Livro Poemarcante




Jaqueline Camargo, paulistana, criou em 2015 a página Poemarcante nas redes sociais. Leva, desde então, poesia a milhares de leitores. Hoje, alguns dos poemas encontram-se no livro Poemarcante, que será lançado no próximo dia 10 (de abril) pela Editora Laranja Original. Futura psicóloga, Jaqueline coloca muito de seu eu, de suas questões existenciais e amores em suas palavras, oferecendo essa troca de experiência com os seus leitores.


Jaqueline, você me contou que, desde pequena, tem o costume de escrever bilhetes, cartas e notas. Você ainda tem de recordação alguns desses escritos? Tem algum em especial que você guarda na memória?

Infelizmente perdi alguns dos meus escritos da infância, mas ainda tenho cartas que trocava com as amigas da escola e também um diário em que costumava descrever todo o meu cotidiano com detalhes. Sempre tive um olhar atento ao dia a dia. Em um dos meus diários, colava até papel de bala que ganhava e escrevia ao lado: “ganhei da minha amiga”, junto à data.


A sua escolha pela Psicologia está ligada ao universo que lemos em sua poesia?

Acredito que minha escolha pela Psicologia tenha sido motivada por uma identificação da minha personalidade muito presente em meus poemas, me considero muito sensível e empática, considerando toda a experiência e a subjetividade humana.


Como é a sua experiência com as redes sociais? Conte as coisas bacanas que as redes nos oferecem e as trocas também. Como surgiu o nome Poemarcante?

Minha experiência com as redes sociais até então é muito positiva, me sinto próxima das pessoas e é muito gratificante receber o carinho e o feedback de quem acompanha meu trabalho. Vejo que as redes sociais, se bem utilizadas, podem nos abrir portas e nos ajudar a criar laços reais e significativos se estivermos dispostos a cultivar relacionamentos para além do virtual. O nome Poemarcante surgiu ao voltar da escola, no ônibus, pensando em elementos que fossem significativos para mim. Daí a junção de poema, mar e marcante, compondo o nome da página.


Em tempos de pandemia, a escrita te alivia?

Nesses tempos de pandemia, em que estamos ainda mais próximos de nós mesmos, escrever é para mim reorganizar os afetos e alinhar meus sentimentos e pensamentos, ressignificando minhas angústias.


No poema (L)ar, há um trecho de que gosto muito: “Moro em uma casa no topo da árvore/uma casinha de madeira envelhecida”. Conte pra gente sobre ele.

O poema (L)ar é muito significativo para mim. Eu tive um insight ao ficar embaixo de uma árvore, durante o intervalo de um curso, sobre um pensamento de reunir elementos como ar e lar - e como respiramos. A casa na árvore entra como espaço de abrigo e acolhimento. O outro representado por ela, a quem o eu lírico se declara, pode em algum momento não ter estruturas para o abrigar mais, mas simbolicamente esse outro passa a se fundir com o próprio eu lírico. Em "não mais viverei na casa, mas a casa viverá em mim" pode-se perceber que há uma internalização do outro. O outro vai mas continua sendo parte da gente. A casa na árvore traz um sonho infantil, podendo ser associada à necessidade de segurança e lazer que toda criança interior busca.